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Belém (Lisboa)

Belém

Belém cresce com a partida da armada real portuguesa que navega meio mundo. É o Infante Dom Henrique que faz surgir a paróquia e dá-lhe o nome de Santa Maria de Belém. Para um guia sobre a capital: O que visitar em Lisboa.

Vasco da Gama

Daqui parte Vasco da Gama, cavaleiro da ordem de Cristo, para a Índia (1497). De volta traz uma carga de especiarias, mais do que o suficiente para pagar a viagem.

De igual modo, Pedro Álvares Cabral, São Francisco Xavier, e muitos outros, daqui partiram para novos mundos estranhos.


Mosteiro dos Jerónimos

O Mosteiro dos Jerónimos permanece como testemunho da triunfante rota marítima para o Oriente. Simboliza a “Idade de Ouro” de Portugal.

Mosteiro dos Jerónimos

Honra o voto de Dom Manuel à Virgem pela viagem bem sucedida e fica no local da antiga ermida (1452) fundada por Infante Dom Henrique dedicada a Santa Maria, donde Vasco da Gama e resolutos companheiros passam a noite em oração antes da partida.

O mosteiro foi parcialmente financiado por uma taxa sobre os ganhos adquiridos no caminho marítimo descoberto por Vasco da Gama – imposto de 5%.

  • Coordenadas: 38.697891,-9.206704

Já antes do terramoto de 1755, o mosteiro era conhecido como o melhor monumento em Lisboa. Iniciado em 1502, é a realização mais ambiciosa da arquitetura manuelina.

É, na maioria, obra de 2 figuras: a primeira é o francês Diogo Boitaca, provavelmente o criador do estilo manuelino com a Igreja de Jesus em Setúbal. A segunda é o João de Castilho, o espanhol que assumiu a construção a partir de 1517.

Castilho projetou a entrada principal da igreja, hierarquia complexa com figuras em torno do grandioso do Infante Dom Henrique, o Navegador (pedestal acima do arco), no centro de 12 figuras (os apóstolos). Aparece-nos aqui como cavaleiro-monge de barba abundante.

Infante Dom Henrique

A ornamentação de Castilho revela a influência do estilo espanhol Plateresco. Não obstante, abundam características manuelinas.

Dentro, tem os túmulos de pedra de Vasco da Gama (1468 – 1523) e a grande voz dos Descobrimentos: o poeta Luís Vaz de Camões (1527-1570).

O interior é dos grandes triunfos góticos europeus: grande conceção espacial com áreas de ornamentação de intenso detalhe naturalista. O claustro, abobadado e embelezado, é das peças mais originais da arquitetura portuguesa.

Claustro nos Mosteiros dos Jerónimos

Mais uma vez, mantém as formas góticas e associa um movimento rítmico, exuberante, em toda a estrutura com os conceitos manuelinos como cordas, âncoras e mar.


Museu de Arqueologia

Nas salas do Mosteiro de Jerónimos tem 2 museus: o Museu de Arqueologia a oeste da entrada principal, alojado na extensão neomanuelina do mosteiro (1850).

Tem 1 pequena secção sobre antiguidades egípcias, mas concentra-se em achados arqueológicos portugueses, como os interessantes azulejos romanos descobertos no Algarve.

  • Coordenadas: 38.697243, -9.207211


Museu da Marinha

De maior interesse é o enorme Museu da Marinha, com a entrada de frente ao Centro Cultural de Belém.

Não só com modelos de navios, barcaças sumptuosas, tem uma exposição surpreendente de artefactos relacionados com as ex-colónias de Portugal.

  • Coordenadas: 38.697482, -9.208208

No decorrer do século XV, primeiro sob o comando do Infante Dom Henrique, e mais tarde sob o do Rei Dom João II, os portugueses dominam o Atlântico Sul.

O Infante é o governador da ordem de Cristo (sucessores dos Templários em Portugal), daí as cruzes nas velas associadas à época dos Descobrimentos,

É Dom Manuel que ostenta orgulhosamente a cruz da ordem de Cristo nas velas e cuja visão no mar é um mau presságio para poderes rivais.

O infante foi o dinamizador da revolucionária Caravela Portuguesa. Com velas triangulares permitia não só navegar quase contra o vento, mas a uma velocidade notável para a época.

Réplica da Caravela Portuguesa

Vasco da Gama chega à Índia na Nau Portuguesa, velas de pano redondo que produzem maior potência.

Já no século XVI ia à Índia e voltava, armazenava toneladas e era mortífera em combate. De modo que holandeses e ingleses só chegam ao oriente um século depois. É a embarcação mais copiada na Europa no fim do século XVI, XVII e XVIII.

Nau Portuguesa

A dimensão aumenta nos meados do século XVI, chegando a atingir 60 metros de comprimento com velas verdadeiramente gigantes, suscitando espanto.

Fortaleza marítima, com cerca de 140 canhões – há documentos referindo que 1 navio português enfrenta, confiantemente, 30 navios.

Planetário Calouste da Gulbenkian

Entre o museu da marinha e o Centro Cultural de Belém, fica o Planetário Calouste da Gulbenkian (arquiteto Frederico George): 1 sala de projeções com uma superfície circular de 23 metros em diâmetro.

  • Coordenadas: 38.697743, -9.208772


 Centro Cultural de Belém

No Centro Cultural de Belém (www.ccb.pt) ocorrem regulares exposições culturais e concertos ao vivo no fim de semana.

Coordenadas: 38.695503,-9.208354

Aqui habita o Museu Coleção Berardo de Arte Moderna e Contemporânea, com todos os principais movimentos artísticos: Joan Miró, Marc Chagall, Andy Warhol, Salvador Dalí, Pablo Picasso… enfim, a lista é extensa.

Museu Berardo

A nordeste encontra o Jardim Botânico Tropical, um oásis de estufas, lagos e palmeiras altas – a entrada é na Calçada do Galvão.

Jardim Botânico Tropical
  • Coordenadas: 38.6988943,-9.2043935

No canto sudeste dos jardins, ergue-se o rosado Palácio de Belém (século XVI), a residência oficial do Presidente português desde que a república foi implantada.

Se está aqui no 3.º domingo do mês, verá a troca da guarda às 11 da manhã, com a exibição do regimento da cavalaria da equitação.

Residência do Presidente Português
  • Coordenadas: 38.697391, -9.200041

Durante a monarquia 34q casa de veraneio – Dom José I sobrevive ao grande terramoto de 1755 por estar, casualmente, neste palácio.

No interior, descobre a Sala Dourada. A razão do nome é óbvia, com um extraordinário teto do século XVIII.

Museu do Design e Museu dos Coches

Coordenadas: 38.696597,-9.198447

A poucos minutos a pé, a leste do mosteiro, avista o Museu dos Coches de Belém. É a melhor coleção no mundo, com coches desde os finais do século XVI.

No século XVIII, Portugal encomendava dos mais sumptuosos e conservou coches que desapareceram nos países de origem, como em França: na revolução francesa a população virou-se contra os coches reais.

Antiga Confeitaria de Belém

Além de ser o lar dum requintado grupo de museus e refrescantes jardins românticos, é o lugar da histórica Antiga Confeitaria de Belém (1837) reconhecida mundialmente pelos seus populares pastéis de nata.

  • Coordenadas: 38.697511,-9.203228

Após a revolução liberal de 1820, o Mosteiros dos Jerónimos é encerrado e os clérigos têm de vender a sua invenção (pastéis de nata) ao público. Hoje em dia, são um cartão de visita de Portugal.

Vende cerca de 10 000 unidades diariamente. Alguns ingredientes do creme, e sua mistura, são um sussurro por detrás da trancada porta “Oficina do Segredo”.

Para chegar aqui por transportes públicos, use o elétrico E15 (direção Algés) – vem da Praça da Figueira via Praça do Comércio (20 minutos) – ou o comboio de Cais do Sodré  (tem como destino Oeiras) parando na estação de Belém.


MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia

MAAT
MAAT
  • Coordenadas: 38.695844, -9.194453

Bem perto da estação ferroviária, tem o MAAT, Museu da Arte, Arquitetura e Tecnologia. Ao entrar, encontra a exposição Utopia Distopia. Retrata ideias do livro Utopia de Thomas More (1516).

Todo o museu brinca com o conceito de que a tecnologia resolve todos os problemas, ou é uma visão distópica desta crença.

Está perto da central termoelétrica Central Tejo, pioneira na produção de eletricidade em Portugal.

  • Coordenadas: 38.695928,-9.194453


Padrão dos Descobrimentos

Caminhando ao longo do rio Tejo, é impossível não ver o Padrão dos Descobrimentos (1960.) No chão está desenhado uma rosa dos ventos em mármore, com as principais rotas portuguesas.

Padrão dos Descobrimentos
  • Coordenadas: 38.693597,-9.205712

Em destaque está o Infante Dom Henrique, apoiado por alguns dos maiores vultos dos descobrimentos do século XV e XVI.

Aqui o infante não aparece como um barbudo monge-guerreiro como no Mosteiro de Jerónimos (1502). Aparece-nos de bigode, traje de corte, enorme capeirão e segura uma caravela.

Das 32 figuras presentes, 3 são da família Gama: Vasco da Gama e seus filhos (Estêvão e Cristóvão), ambos cavaleiros de indiscutível coragem que recusaram viver na sombra do pai.

Doca de Belém

No interior tem um espaço de exposições temporárias. A taxa de entrada dá acesso ao seu topo com uma vista excelente. Ao pé vê a Doca de Belém.

Torre de Belém

Coordenadas: 38.691584,-9.215977

Ainda com 3 lados ladeados pelo mar, a austera Torre de Belém fica a 500 metros do mosteiro, perto dum pequeno parque. Concluída nos últimos anos do reinado de Dom Manuel (1515-1520) para proteger o porto de Lisboa.

O seu arquiteto (Francisco de Arruda) já havia trabalhado em fortificações portuguesas em Marrocos. A influência árabe é patente nas varandas e janelas delicadamente arqueadas.

No exterior descortina 2 símbolos da época: o emblema pessoal de Dom Manuel I – Esfera Armilar (representando o globo) e a cruz da Ordem Militar de Cristo.

Esfera Armilar e Símbolo da Ordem de Cristo

Vale a pena entrar pelas vistas que proporciona. O interior é simples, natural para edifícios militares. Uma galeria foi usada como prisão até o século XIX, notoriamente pelo rei Dom Miguel I (irmão do Pedro I do Brasil).


Monumento aos Combatentes da Guerra do Ultramar

  • Coordenadas: 38.692452, -9.218124

Perto da Torre, minutos para oeste, descobre o Monumento aos Combatentes da Guerra do Ultramar ao pé do Forte do Bom Sucesso (século XVIII).

Um lapidário recorda os nomes dos combatentes portugueses mortos (cerca de 9000), sacrificados, no confronto (de 1961 a 1974) entre forças portuguesas e os movimentos de libertação da Guiné-Bissau, Moçambique e Angola.

Palácio Nacional da Ajuda

Coordenadas: 38.707638,-9.197834

O elétrico E18 que vem da Praça do Comércio e passa por Belém, ou o autocarro 714 do centro de Belém, leva-nos ao Palácio Nacional da Ajuda, grandioso museu no topo da colina.

Ajuda é poupada ao terramoto de 1755. É ideal para um palácio. Iniciado em 1802. Está inacabado quando a família real move para o Brasil (1807) para evitar a humilhante prisão que Napoleão queria e fez ao rei de Espanha.

Militarmente, Dom João VI não pode competir, mas não significa que não pode ganhar… Finge negociar, enquanto inicia a retirada toda a corte para o Brasil – um processo logístico de proporções gigantescas.

Depois, oficializa Rio de Janeiro como a capital. Para a coroa portuguesa ser derrotada, os franceses têm de dominar o atlântico… Napoleão sabe que a vitória é agora irrealista.

No fim da vida, confessa: “Só três generais me venceram: o inverno da Rússia; a marinha da Inglaterra; e o Príncipe-Regente de Portugal” referindo-se a Dom João VI.

Impressiona a ornamentada Sala de Jantar, encomendada pela Rainha Maria Pia, princesa italiana com gosto pelo neorrococó.

Sala de Jantar

O palácio só é concluído em 1821. Para além da ostentação, foi um lar de crianças traquinas: futuro rei Dom Carlos e seu irmão. Andam de patins e fogem para telhados.

Um dia Dom Afonso, que não gostava de estudar, é castigado pela rainha. Pelo caminho grita: “Viva a República! Viva a República!”…

Numa das salas, vê o retrato da altiva rainha Maria Pia (Carolus-Duran – 1880). Tinha perto de 30 anos e veste as cores da monarquia.

Maria Pia de Carolus-Duran
Maria Pia de Carolus-Duran

Perto do palácio surge o Jardim Botânico d’Ajuda, dos mais antigos jardins botânicos da cidade. Bom exemplo de jardinagem com excelentes vistas de Belém.

Jardim Botânico da Ajuda
  • Coordenadas: 38.70625,-9.200635