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O que visitar em Castelo de Vide, Portugal

A pequena Castelo de Vide no Alentejo (leia Alentejo O Que Visitar) cobre as encostas em torno do altivo castelo, onde as casas pálidas contrastam com a vegetação. Castelo de Vide está repleta de fontes, jardins e praças revestidas com potes de gerânios.

Fica a 1 hora de Estremoz (para sul pela IP2) e de Elvas (para sul pela N246). Perto tem Marvão, a 20 minutos (pela N246-1). Chegando de autocarro (direto de Portalegre e Lisboa) fica no centro ao pé da torre do relógio da Câmara Municipal.

Ver Igreja de Santa Maria da Devesa, Castelo de V.

Igreja Matriz de Santa Maria da Devesa
  • Coordenadas: 39.415773,-7.455604

O posto de turismo está por detrás da Câmara (www.cm-castelo-vide.pt), no meio da pavimentada Praça Dom Pedro V e na sombra da elegante igreja de Santa Maria da Devesa (planta quadrada com 2 torres  – do século XVIII).

Tem amplo estacionamento ao redor da praça principal e nas ruas paralelas. Dada a sua dimensão, tem uma quantidade surpreendente de alojamentos, grande parte no centro. Da rua principal, meia dúzia de ruas estreitas guiam-nos pela subida até à apropriada chamada Praça Alta, no extremo norte, donde há vistas sobre a planície.


Visitar a Judiaria, Castelo de Vide

Judiaria
  • Coordenadas: 39.417494,-7.456721

A rua principal termina numa rua de pedras, onde há uma fonte de mármore tranquila e becos sinuosos da Judiaria – antigo bairro judeu que remonta ao século XIV.

No século XIV, Dom Pedro aforava Castelo de Vide ao seu físico – provavelmente judeu, pois, numa altura em que a população era analfabeta, a literacia na comunidade judaica  já era significativa, inclusive entre as mulheres.

A expulsão dos judeus em Espanha, por parte dos Reis Católicos (Dona Isabel e Dom Fernando – fins do século XV) leva ao crescimento significativo da Judiaria que fica perto da fronteira.

Aqui residiu a família do Garcia de Orta. Participou na exploração de novos mundos e tornou-se amigo doutro aventuroso, imortalizado como das mais importantes figuras da Literatura Portuguesa – o poeta Luís Camões, a voz da Era dos Descobrimentos.

Garcia de Horta foi escritor, pioneiro, sobre os assuntos de botânica e medicina. Morre em Goa (Índia). Para homenageá-lo, foi empregue o seu nome a um dos maiores hospitais em Portugal.

Garcia de Orta

Hoje em dia quando ouvimos Judiaria, pensamos nos guetos da Alemanha Nazi, mas a mentalidade é distinta – por decreto criam-se estes espaços para assegurar a prática dos seus costumes em paz. Prestavam contas diretamente ao monarca, um privilégio singular e inacessível ao comum português.

A comunidade judia era próxima da corte, donde vieram grandes cientistas e escritores, comerciantes e exploradores, diplomatas e espiões – determinantes na Época dos Descobrimentos.

Ocasionalmente a sua ascensão cria tensão, mas em traços gerais convivem pacificamente desde o nascimento da nação, onde o mercado era o animado lugar de confluência para as comunidades.

Sinagoga – o que fazer em C. de Vide

  • Coordenadas: 39.417533,-7.457807

Uma placa de sinalização leva-o à íngreme Rua da Fonte, passando por casas de portas e janelas góticas. Um olhar atento descortina a Sinagoga mais antiga em Portugal.

Do lado de fora não se parece diferente das restantes casas, é o edifício de esquina – Sinagogas de exterior simples são típicas em Portugal.

No fim do século XV, Dom Manuel I quer casar com a Princesa das Astúrias, Dona Isabel de Aragão e Castela. Não se trata de amor, mas de gerar um herdeiro legítimo.

O casamento é uma estratégia que, pelo menos no universo dos sonhos, elimina futuras hostilidades com o vizinho superior em recursos populacionais. Nesta época, Portugal terá, no máximo, perto dum milhão e meio de habitantes (grande parte dos homens ativos navega por meio mundo).

Todos os reinos na Península Ibérica estavam em processo de unificação sobre o poder esmagador de Castela (exceto 1 cheio de riquezas além mar…). Assim, a haver uma unificação ibérica, seria feita por um varão português.

Porém, os Reis Católicos exigem como condição inegociável a expulsão dos judeus, algo que Dom Manuel I não queria – inimaginável para o fundador do reino: Afonso Henriques confiava as finanças a um rabi; tradição seguida por todos da sua linhagem.

Dom Manuel acredita que a união é vital para a sobrevivência do reino e concede a fazer desaparecer os judeus de Portugal… Após o casamento, promulga medidas que torna impraticável a saída voluntária ou a expulsão dos judeus. O plano é convertê-los ao cristianismo: o cristão novo (cripto-judeus).

As conversões foram uma tortura psicológica, por vezes física, e nos casos extremos culmina em mortes – uma traição aos judeus portugueses.

Todo o processo, macabro, foi em vão: a rainha morre no parto de Miguel da Paz (herdeiro de Portugal, Castela, Leão, Aragão e Sicília) e este morrerá com 2 anos (quando se encontrava com os avós; os reis católicos de Espanha).

Inevitavelmente, no fim do século XVI, Espanha e Portugal entram em rota de colisão…

Como “cristãos novos” são livres para saírem, e foi o que aconteceu com os portugueses que foram para Amesterdão, cujos descendentes assistem à anexação de Portugal (União Ibérica). Os Países Baixos também lutam pela independência face a Espanha, a nova potência mundial.

A maioria não tinha meios para sair e por cá ficaram como “cristãos novos”. Em Castelo de Vide há vários indícios da influência judaica: O bolo da massa parece o pão ázimo consumido pelos judeus e, durante a Páscoa, a bênção e o abate dos borregos é feito duma forma que remete para o abate ritual dos judeus.

Castelo medieval

  • Coordenadas: 39.4174601,-7.457811

Mantenha-se na Rua da Fonte para ir ao Castelo medieval, erguido por Dom Dinis (século XIII), mas só concluído no reinado de seu filho: Dom Afonso IV (o Bravo).

O alcaide-mor de Castelo de Vide era o estimado Aires Pires Cabral, o antepassado do cavaleiro de Cristo Pedro Álvares Cabral (creditado como o descobridor do Brasil).

É no tempo do Afonso IV que o dinheiro começa a ser denominado por real (porque vinha do rei). No auge do império, a moeda portuguesa lentamente torna-se na 1.ª moeda de reserva mundial. Dom Manuel passará a cunhagem do real para o abundante cobre: um processo que, historicamente, acelera a inflação.

Aqui nasce Gonçalo Eanes de Abreu, que participa, com bravura, na batalha da Aljubarrota contra a poderosa Castela de Espanha. Era membro da Ala dos Namorados; os mais jovens do exército e onde estão vários homens de confiança do líder militar (Dom Nuno Álvares Pereira).

As circunstâncias ditaram que na mocidade evoluíssem para guerreiros mortíferos. Em menos dum 1 ano, o valente Gonçalo Eanes de Abreu lidera uma ala na batalha de Valverde (Perto de Badajoz) contra um exército numeroso e em condições verdadeiramente desagradáveis.

Em plena batalha têm de atravessar o rio e conquistar a margem compacta de adversários – muito difícil, Dom Nuno Álvares Pereira chega a rezar durante a batalha. Gonçalo Anes de Abreu acha inoportuno: “Nada de orações, que morremos todos!”

Dom Nuno responde: “Amigo, ainda não é hora. Aguardai um pouco e acabarei de orar.” Depois lidera “iluminado” a vanguarda, enfrentando o afamado mestre de Santiago de Castela (Pedro Muñiz de Godoy, decapitado no duelo pessoal).

O exército castelhano perde a esperança quando o estandarte da poderosa ordem é, de novo, derrubado.

Décadas depois, Nuno Álvares Pereira, viúvo e após o falecimento da filha, opta por uma vida monástica. Distribuí a sua enorme riqueza aos netos, a entidades religiosas e aos leais irmãos de armas – a Gonçalo Eanes de Abreu dá Alter do chão e o seu castelo.

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