Chiado


A oeste da Baixa, perto do Rossio e Cais do Sodré, emerge Chiado estendendo-se até ao Bairro Alto. É o coração da Lisboa romântica, burguesa, do século XIX.
Centro Comercial Armazéns do Chiado
Sofre grandes danos no incêndio de 1988, e muitas lojas na Rua do Crucifixo foram destruídas. Das cinzas emerge a nova fachada de mármore do centro comercial Armazéns do Chiado que reproduz as fachadas das antigas lojas.



Coordenadas: 38.710977,-9.13947
A Brasileira
Chiado continua a ser dos bairros mais distintos, miscelânea de lojas da moda com tradicionais cafés, como a centenária A Brasileira (Rua Garrett 120) – frequentada por gerações de líderes e intelectuais no século XX, donde se destaca o poeta Fernando Pessoa.


Coordenadas: 38.710662,-9.142008
Fernando fez parte da 1.ª geração do modernismo em Portugal, recebendo fortes influências da república (1910) e das vanguardas europeias (movimento artístico que rompe com a tradição do século XIX).
Produz obras com o seu próprio nome como a nacionalista “Mensagem”, mas também por heterónimos (cerca de 60 personalidades como Alberto Coelho, Ricardo Reis e Álvaro de Campos).
Estes têm qualidades físicas, datas de nascimento distintas e pensam realmente de forma diferente. Por exemplo, Ricardo Reis é monarquista, autor neoclássico, enquanto Fernando Pessoa é convicto republicano e modernista.
Basílica da Nossa Senhora dos Mártires
Por perto tem a Basílica da Nossa Senhora dos Mártires, construída gradualmente a partir do século XII – atualmente em estilo barroco e neoclássico, erguida no local do acampamento dos cruzados que participaram no cerco da Lisboa muçulmana.


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Perto, tranquilos 2 minutos para a Rua Serpa Pinto, descobre o Teatro Nacional de São Carlos (século XVIII) em estilo neoclássico e rococó – dos poucos no mundo que permanece autêntico desde a sua construção.

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Entre na sala principal de ópera, exatamente como era frequentada por reis, nobres e novos burgueses. Nesta época, é a elite que assiste à ópera e na área central fica a Tribuna Real, de cortina fechada até à chegada da família real.

A curta distância descobre o Museu de Arte Contemporânea.
Museu de Arte Contemporânea
O Museu Nacional de Arte Contemporânea reside num edifício elegante. Não é o original (danificado no incêndio do Chiado).O novo museu é construído em torno duma fábrica de biscoitos do século XIX, explicando a presença dos fornos antigos.




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Os 3 andares exibem trabalhos dos artistas portugueses mais influentes a partir do século XIX. Os destaques incluem o retrato do grande poeta Antero de Quental por Columbano Bordalo Pinheiro, a bela escultura A Viúva de António Teixeira Lopes e algumas cenas evocativas de Lisboa por Carlos Botelho e José Malhoa.
Quental lutou por uma sociedade justa e um povo evoluído. Contra a excessiva influência religiosa nos órgãos de poder, discorda do centralismo estatal e a favor do desenvolvimento da pequena burguesia.
Quando Columbano Bordalo Pinheiro faz o seu retrato, é um homem desiludido com as parcas concretizações da sua geração e com o conservadorismo do país. Dois anos após o retrato, suicida-se.
Bairro Alto

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Durante o dia, as ruas estreitas do século XVII são pacatas, familiares. À noite, transfiguram-se com as multidões à volta dos pequenos bares e restaurantes calorosos.


Muitas das vias mais interessantes ficam a oeste da Rua da Misericórdia, rede confusa de ruas e edifícios com grafitti.
No século XV, era terras de Abraão Ben Samuel Zacuto, astrónomo judeu expulso de Espanha – fundamental para que Portugal descobrisse o caminho marítimo para a Índia.
Chega ao Bairro Alto a pé ou por 2 proezas de engenharia – elétricos elevadores. O Elevador da Glória (1885) liga o bairro diretamente com Praça dos Restauradores.

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O Elevador da Bica sobe da Rua Loreto ao pé do Bairro Alto.

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A 3.ª abordagem possível é pelo Elevador da Santa Justa e fica ao lado do Convento do Carmo.

A partir do Elevador da Glória a São Roque
O Elevador da Glória leva-nos ao topo da colina. É recompensado nos jardins adjacentes com a vista soberba da cidade e do Castelo de São Jorge.

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Igreja de São Roque
Ao descer para a esquerda, na esquina verá a Igreja de São Roque (século XVI) no Largo Trindade Coelho. Era a Casa Mãe dos jesuítas.


Coordenadas: 38.713516,-9.143469
Após a expulsão do Padre António Vieira pelos colonos do Maranhão (Brasil), é neste templo que anuncia que os verdadeiros cristãos no Brasil não são os colonos, mas os índios – horrorizando a família real que assistia.
De exterior austero, o interior revela capelas ricamente trabalhadas com tetos barrocos. Um dos destaque é a Capela de São João Baptista.

Foi das comissões mais bizarras do seu tempo e estima-se a mais cara. Foi encomendada em 1742 por Dom João V para homenagear o seu padroeiro e projetada pelo arquiteto papal (Vanvitelli).
Utiliza os materiais mais caros, incluindo marfim, ágata, pórfiro e lápis-lazúli – erguida no Vaticano para o Papa celebrar a missa. Depois desmontada e enviada para Lisboa.
Ao lado, o Museu de São Roque exibe pinturas do século XVI, XVIII e a requintada coleção de cálices.

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Convento do Carmo
Descendo a rua da Trindade, num par de minutos, chega ao Largo do Carmo com um par de simpáticas esplanadas de frente para os arcos góticos do Convento do Carmo – onde Nuno Alvares Pereira se retirou (foi o patrocinador do convento).

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Foi destruído no terramoto de 1755. É deste acontecimento que surge a expressão “Cair o Carmo e a Trindade” – na altura os 2 conventos mais importantes no Bairro Alto.
De igual modo, a expressão “Rés vés Campo de Ourique” (por um triz) advém do facto de Campo de Ourique ter sobrevivido ao terramoto que atingiu 8,7 a 9 da escala Richter – das 20 000 habitações em Lisboa, apenas 3 000 sobreviveram.


O convento abriga o magnífico Museu Arqueológico do Carmo – com muitos tesouros oriundos dos mosteiros dissolvidos (após a extinção das ordens religiosas em 1834).
No interior repousa uma série de túmulos de grande importância, como Dom Fernando I, cuja morte desencadeia a crise 1383-1385 contra Castela e donde Nuno Álvares Pereira se destaca.

Outras peças notáveis incluem mosaicos hispano-árabes do século XVI. Há também um modelo do antigo convento e um sarcófago egípcio (793-619 antes de Cristo).
Parte do antigo convento é também o atual quartel da Guarda Nacional Republicana, onde se refugia no dia 25 de Abril de 1974 o último presidente do conselho do Estado Novo (Marcello Caetano).




O edifício foi cercado pelo MFA (movimento militar que origina a revolução) e Salgueiro Maia força-o a renunciar pacificamente. Os soldados pediram a um vendedor de flores, cravos para colocar nos canos das suas armas, como sinal de que não haveria derramamento de sangue.
As únicas 4 mortes que ocorreram foram cometidas pela PIDE (polícia política do regime ditatorial), quando estes cidadãos se manifestavam em frente à sede da PIDE.