A sedutora Alcácer do Sal foi a capital regional dos mouros: Al-Ksar, o termo norte-africano para castelo ou fortificação berbere. A outra parte do nome, “de Sal”, reflete a predominância da indústria do sal, com o estuário do Sado cercado por pântanos salgados.
Vindo de Lisboa é a 1.ª cidade do Alentejo, a 50 quilómetros de Setúbal e Beja. A costa alentejana fica a menos duma hora.
Dom Afonso Henriques conquistou-a (1158-1160) com a ajuda dos lendários templários – frei Pedro Arnaldo da Rocha morre na Batalha e acredita-se que foi um dos fundadores da ordem dos Templários.
Os mouros não iam perdê-la sem dar luta e acabam por reconquistá-la. É definitivamente conquistada pelo neto de Henriques (Dom Afonso II), tornando-se a sede da Ordem Militar de Santiago até ao fim do século XV.
Um dos mais notórios mestres foi Paio Peres Correia, de Barcelos, que conquista Aljustrel, Mértola e Ayamonte (parte de Espanha) – mais tarde liderou uma campanha contra os mouros no Algarve (conquistando territórios como Tavira).
É eleito mestre da ordem Santiago em Mérida e luta para a coroa de Fernando III de Castela, destacando-se na conquista de Sevilha. Volta a Portugal para dar uma ajuda na conquista de Faro e Silves (a capital regional muçulmana).
Pousada Dom Afonso II
- Coordenadas: 38.372194,-8.513917
Acima da cidade, ergue-se o magnífico Castelo de origem islâmica. Com uma vista espantosa sobre os arrozais verdejantes que circundam a cidade, ocasionalmente com ninhos de cegonhas nos telhados da igreja.
No interior tem a fabulosa Pousada Dom Afonso II (www.pousadas.pt), quartos bem decorados, piscina e restaurante.
No dia 30 de outubro de 1500, a Infanta Dona Maria de Castela e Aragão, filha dos reis católicos, atravessa o Sado para se casar aqui com Dom Manuel I (o pai fora mestre de Santiago).
As festas foram feitas na área da ribeira de frente e foi uma festa de arromba. Os reis foram felizes, com muitos filhos. Caminhe ao longo do passeio marítimo que viu nascer Pedro Nunes, o matemático e cosmógrafo que marcou a ciência do século XVI.
No mesmo século, emerge outro notável da ordem: Afonso de Albuquerque. Desenvolve o império no oceano índico, pela Malásia, Índia até bem perto do território persa.
O petróleo da época são especiarias como canela, pimenta, gengibre. Para surpresa de todos, Albuquerque domina as suas rotas marítimas. Turcos otomanos e aliados descobrem, a contragosto, que o seu ego é substanciado por ações extraordinárias.
Afonso nunca casou, mas teve filhos. Antes de morrer (62 anos) escreve ao Dom Manuel I uma carta bem humana: pede que cobrisse com honras não a ele, mas o seu filho de 14 anos (o que sucedeu). Depois pede que lhe vistam o manto da ordem enquanto espera a sua hora.
Também teve uma filha com uma escrava de Cananor (Índia). Após a morte do seu pai, é escoltada até Portugal donde acaba por casar: como é dona dum bom dote, terá uma vida confortável.