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Visitar ilha das Berlengas: Berlenga Grande | Peniche

As Berlengas ao largo de Peniche, Portugal, é uma reserva natural com longa história humana. A ilha maior chama-se Berlenga Grande: 80 hectares (1,5 km de comprimento) donde meia centena pessoas estão simultaneamente.

Duas pequenas ilhas, Estela e Grande Farilhão, dão nome a dois subarquipélagos das Berlengas (quase inacessíveis) – para noroeste as Estelas (a 1,5 km) e Farilhões-Forcadas (a 10 km).

A costa da Berlenga Grande é magnificamente esculpida com recifes e rodeada por pequenos ilhéus. A cor do seu calhau (cor de rosa da rocha) resulta do granito rico em feldspatos, raríssimo na Europa.

Durante o dia, o som da gaivota é constante. À noite é a vez do cagarro.

Berlengas
Berlenga Grande

Onde fica a ilha das Berlengas?

O arquipélago das Berlengas fica a oeste do Cabo Carvoeiro, ao largo da cidade de Peniche. O acesso à ilha é feito por barco (leia o que fazer em Peniche).

Como ir a Berlenga Grande: barco das Berlengas

A sua aventura na Marina de Peniche junto à Fortaleza.

Desde a década de 70, Cabo Avelar efetua a ligação Peniche-Berlenga. É a maior embarcação (185 passageiros) a fazer o percurso. Para o horário atualizado e marcar a viagem às Berlengas clique aqui.

email: info@viamar-berlenga.com

A viagem de barco, de Peniche a Berlengas, dura meia hora. Passa num piscar de olhos. No verão custa €30 (ida e volta), €15 para crianças.

O nome da embarcação homenageia o Cabo que liderou em 1666 a resistência das Berlengas contra 15 navios espanhóis.

Representação do Cabo Avelar
Representação do Cabo Avelar

Estávamos na Guerra da Restauração, já para o seu fim. Os espanhóis queriam raptar a princesa francesa: Marie Françoise Élisabeth de Savoie.

Com 20 anos chegava de barco para se casar com o jovem rei português Afonso VI (23 anos).

Roteiro na Reserva Natural das Berlengas

1. Bairro dos Pescadores

Lentamente, o Cabo Carvoeiro e Peniche diminui e o estreito cais da Berlenga ganha forma. Em 1941, por ordem do Comandante António de Andrade e Silva, foi construído um vilarejo duma dúzia de casinhas.

Durante a primavera, os pescadores instalam-se aqui e praticam a pesca tradicional – pouco agressiva ao contrário da exagerada a que chamamos pesca de arrasto.

Entre as várias espécies de peixe que habitam este mar, o robalo e a dourada são as preferidas.

Há ainda o percebe das Berlengas que é dos melhores do mundo, mas a sua captura é terrivelmente arriscada. Habitam áreas rochosas, aguçadas, entre marés.

O arquipélago das Berlengas é a pesca está bem regulamentada para a proteção de espécies. Pode-se pescar de abril a julho e de outubro a dezembro.

2. Restaurante e Dormir nas Berlengas: Mesa da Ilha

A especialidade do restaurante é a Caldeirada, de porções generosas: com cebola, alho, batatas, e peixe como safio, cantaril, e tamboril.

Se quer ficar perto do cais, pode reservar no simpático restaurante da ilha: Mesa da Ilha através do número de 969 395 763 (berlengabedbreakfast@gmail.com) – 6 quartos duplos com casa de banho privada e brilhante vista para o mar.

O preço varia de €70 a €100 e acima de €100 em pleno agosto. É a solução mais confortável para uma noite na ilha. Pequeno almoço incluído.

Existia aqui o Mosteiro da Misericórdia (século XVI), mandado construir pela Rainha Dona Leonor. Mas abandonaram a ilha, devido à falta de alimentos e aos assaltos de piratas.

O mosteiro foi demolido no século XVII. Na verdade, a história humana na ilha é mais antiga que Portugal…

Era apelidada Λονδοβρίς (Londobris) por Ptolomeu quando descreveu Lusitânia e a sua gente. E no período romano chamava-se a ilha do Saturno.

3. Praia do Carreiro do Mosteiro

Com o tempo, a erosão criou notáveis ​​formas de relevo: estreitos vales, quase verticais (carreiros), e várias cavernas.

A mais visitada é a Praia Carreiro do Mosteiro. Apesar de a temperatura ser fria, a água cintilante nos seduz. Na direção oposta descbrimos o Carreiro do Cação.

Carreiro do Cação
Visitar Carreiro do Cação

O clima é marcadamente oceânico. Sentimos o vento carregado de sal que explica a ausência de árvores – quase não há sombra! Procure proteger-se com chapéu, óculos escuros. Use proteção solar.

4. Parque de Campismo

A 200 metros encontramos o Parque de Campismo das Berlengas gerido pela Câmara Municipal de Peniche (para mais informações: cmpeniche@cm-peniche.pt; tel:262780100).

Tem espaço para 40 tendas (custa menos de €15 por dia). Pequeno, muito desejado: convém marcar com antecedência.

O jornal britânico The Times chegou a considerá-lo o melhor da Europa! Seguramente pelo singular enquadramento natural, porque é como dormir numa cama de espinhos…

5. Trilhos da Berlenga Grande

Os carreiros do Cação e do Mosteiro separam a ilha em dois blocos: para este temos o percurso da ilha Velha, e para oeste o Percurso da Berlenga.

Percurso Ilha Velha

Percurso Ilha Velha

Este percurso começa no B. dos Pescadores e culmina numa magnífica vista para o ilhéu da Velha – trilho de 1,6 km (duração de 1:30 minutos).

Vista para o Ilhéu da Velha
Vista para o Ilhéu da Velha

Percurso das Berlengas

O Percurso das Berlengas é mais popular: 3 km de extensão (perto de 3 horas). Também parte do B. dos Pescadores e termina na Fortaleza de São João Baptista. Pelo caminho, passamos por um planalto donde emerge o Farol da ilha.

6. Farol das Berlengas – Duque de Bragança

O Farol do Duque de Bragança foi construído durante o reinado da Rainha Maria II (século XIX) quando o combustível era o azeite.
Desde 2000 funciona com energia solar. Pode visitar o Farol nas quartas feiras, entre 14:30 e as 17:00.

Os 2 faroleiros são os únicos ocupantes permanentes na ilha. No passado, as esposas podiam acompanhá-los – já não é possível.

7. Visitar o Forte de São João Baptista – Alojamento Berlengas

As rochas do Mosteiro da Misericórdia alimentaram a construção do Forte de São João Baptista. Fica no sudeste, num ilhéu ligado por uma pequena ponte.

Em 1666 defendeu-se estoicamente contra a esquadra espanhola que queria raptar a princesa Marie. António Avelar Pessoa, e mais 27, enfrentaram uma esquadra de 1500 homens!

Forte de São João Baptista no século XVI

Causaram terríveis perdas aos espanhóis: 511 mortos, uma nau naufragada! Mas, claro, as munições acabaram…

Enfurecido, o almirante espanhol Diego de Ibarra insistiu no intenso bombardeio sabendo que o forte não podia defender-se.

A esquadra Real Del Mar Oceano nunca alcançou o seu objetivo, mas António Avelar Pessoa morre na embarcação que o levava para Espanha.

Mais tarde, foi base das tropas inglesas durante as invasões de Napoleão. E, na Guerra Liberal, auxiliou as tropas de Dom Pedro.

Em meados do século XX, foi convertido num alojamento gerido pela Associação Amigos das Berlengas

  • telefone: 912631426;
  • Email: berlengareservasforte@gmail.com

São quartos austeros, mas com uma localização singular.

O forte é extremamente robusto. Estudos feitos à estrutura confirmam a sua solidez. Construído para durar. No interior, desvendamos o 2.º restaurante das Berlengas.

8. Passeio de barco pelas grutas

Há vários operadores marítimo-turísticos em Peniche que exploram a costa da ilha, nomeadamente o profissional Feeling Berlenga (T: 916 209 659).

Os pontos mais interessantes são o Carreiro da Inês, a Flandres, naturalmente, o Forte de São João Baptista, a Gruta Azul, o Furado Grande e a Cova do Sono. Algumas rochas têm formas de animais como a Tromba do elefante.

Tromba do Elefante
Tromba do Elefante

O Furado Grande é a gruta mais impressionante – túnel natural de 70 metros de comprimento e 20 metros de altura.

Gruta Furado Grande
Gruta F. Grande

Existem outras locais por explorar, mas apenas acessíveis aos mergulhadores – Berlengas é dos sítios com a água mais límpida na costa portuguesa.

9. Mergulho Recreativo nas ilhas Berlengas

Se quiser dar os primeiros passos no mergulho recreativo, tem o JustDive – Blue Academy (Rua Dr. Ernesto Moreira, Lote 11, Fração F 2520-428, telefone: 262 789 109, geral@justdive.pt), centro de mergulho com ótimos equipamentos e instrutores pacientes.

Vários navios naufragaram nas Berlengas, principalmente na época das embarcações a vapor. O mais conhecido é o transatlântico Highland Hope de 14 000 toneladas. Fazia a ligação entre Londres e Buenos Aires.

Highland Hope

Highland Hope
Highland Hope

Na primeira classe viajava aristocratas e milionários e na terceira imigrantes, tal como vê no filme Titanic.

representação de pessoas no Highland Hope

Aliás, o RMS Titanic foi construído no mesmo estaleiro que o Highland Hope (Harland and Wolff na Irlanda do Norte).

No dia 19 de setembro de 1930, um ano após ser construído, encalhou estrondosamente nos Farilhões.

Os pescadores de Peniche largaram tudo para socorrer os tripulantes. Dos 550 passageiros faleceu 1.

A sua localização é dos spots de mergulho mais procurados nas Berlengas. Também podemos ver os destroços do cargueiro Riogrande (1947) que afundou por perto.

Fauna e Flora da Reserva da Biosfera das Berlengas (UNESCO)

Em 2011, a UNESCO designou o Arquipélago das Berlengas como uma Reserva Mundial da Biosfera, tornando-se a quinta reserva desse tipo em Portugal.

Para aqueles que apreciam a observação de aves, as Berlengas são um local privilegiado para contemplar várias espécies de aves marinhas.

Não se esqueça de trazer binóculos para admirar no planalto as aves como o corvo-marinho-de-crista e gaivota-de-patas-amarelas, que vivem em média 30 anos. Uma nuvem de gaivotas flutua no céu.

O airo, símbolo da reserva, parou de nidificar nas Berlengas. A ave mais emblemática é agora o cagarro. Chega à ilha em meados de março e o ovo é posto no início de junho.

Acasalam para toda a vida. Claro que se uma delas morrer, às vezes procuram novo parceiro. Mas normalmente acasalam para toda a vida.

Se excluirmos as Canárias, Madeira e os Açores, na Europa o único viveiro do cagarro cinzento é o arquipélago das Berlengas.

A relevância e significado deste território para a preservação da biodiversidade europeia foram subsequentemente destacados com sua designação como Área de Proteção Especial para Aves e sua inclusão na Rede Natura 2000.

O chorão (Carpobrotus edulis), planta de origem africana, se espalhou e impede o crescimento das espécies nativas.

Carpobrotus edulis
Carpobrotus edulis nas Berlengas

É uma encantadora presença, mas há um notável esforço para diminuir a sua dominância, e ainda bem.

O que visitar perto das Berlengas:

Naturalmente tem Peniche a meia hora. Para sul, encontra Lourinhã (25 minutos pela N247), Torres Vedras (50 minutos pela A8) e Ericeira (1 hora pela A8). Para este descobre Óbidos (meia hora pela IP6) e Caldas da Rainha (30 minutos).

Indo para norte, passámos por São Martinho do Porto (40 minutos pela A8), Nazaré (45 minutos), Batalha (1 hora), Porto de Mós (1 hora) e Fátima (1 hora e dez minutos).