Nas serranias de São Jorge e Santana, serpenteia uma trilha que evoca as melodias da natureza: Levada do Rei. Conheça a ilha por Roteiro Madeira. O melhor de Funchal? O Que Visitar No Funchal.
Ao longo do percurso, é a natureza que dita o ritmo: ora revelando vastidões de São Jorge, ora nos mergulhando na profusão de verdes que é o fundo do Ribeiro.

Sem exigir de nós proezas atléticas, a levada desvenda, a cada curva, panoramas de tirar o fôlego.
A vegetação metamorfoseia-se à medida que avançamos: do manto verde intenso das serras à frondosidade exuberante que abraça o Ribeiro Bonito, culminando num riacho.
A segurança da trilha e sua beleza singular tornam-na cativa das empresas de passeios.
Onde Começa? Levadas Madeira
Tudo começa nas Quebradas, precisamente na Estação de Tratamento de Águas, onde a natureza parece convidar-nos a um mergulho profundo em suas paisagens. Termina no Ribeiro Bonito.
A viagem deixa-o no Chão da Felpa. A partir daqui, é uma caminhada de cerca de 25 minutos até ao ponto de partida da Levada do Rei.
Quanto tempo leva?
Se decidir aventurar-se pela ida e regresso, estará a enfrentar um trajeto total de 10,6 km.
Esta caminhada, imersa na magnífica paisagem madeirense, irá consumir cerca de 3 horas e meia do seu tempo.
Nível de dificuldade
Médio. É uma escolha apropriada para famílias preparadas para o compromisso de tempo. A levada em si é plana, tornando-a acessível até para as crianças.
Contudo, é aconselhável que estas possuam alguma resistência física, visto que a extensão da caminhada – ida e volta – pode ser considerada longa.
Experiência
Embrenhado sob o dossel fresco das árvores, o PR18 Levada do Rei é um convite à contemplação tranquila da natureza.

A maioria do caminho é guiada pelas águas da levada, com surpresas como uma cascata que nos presenteia com alguns salpicos – um momento divertido no percurso.
Outra vantagem deste trilho é a sua relativa tranquilidade, já que não atrai tantos caminhantes como outras levadas mais famosas, como a do Levada do Caldeirão Verde ou 25 Fontes.
Iniciando-se na Achada da Felpa em São Jorge, junto à Estação de Tratamento de Águas, o caminho estende-se a altitudes que variam entre os 500 e os 700 metros.

Começa atravessando uma mistura de floresta exótica com vestígios da flora nativa da ilha.
Contudo, conforme avançamos, somos envoltos por uma atmosfera única, onde a biodiversidade da floresta Laurissilva se manifesta em toda a sua plenitude, com Tis, Loureiros e Vinháticos.
Neste cenário idílico, as melodias dos Bis-bis cortam o silêncio.
Chegar ao Ribeiro Bonito é como descobrir um oásis escondido no coração da floresta madeirense.

As pequenas lagoas espelham os contornos da vegetação circundante, enquanto a água, com sua frescura eterna, serpenteia por entre as rochas.
Fazer uma pausa para um piquenique é uma escolha acertada. Ali, sentados em meio à vastidão verde, degustamos os sabores dos nossos lanches
Molhar os pés nas águas do Ribeiro é uma experiência revigorante; o frio da água contrasta com o calor da caminhada, revitalizando os sentidos.
É uma pausa perfeita para simplesmente estar, apreciar e absorver a magnitude da natureza ao redor.
Com relutância, iniciamos o retorno, trilhando o mesmo caminho, agora com a satisfação de ter vivenciado momentos tão preciosos.

O toque final deste passeio é a visita ao Moinho de Água de São Jorge, uma cápsula do tempo que nos transporta para uma era em que a vida girava em torno da terra.
Com três séculos de história, ainda hoje se mantém em funcionamento, moendo grãos alimentados pelas mesmas águas que nos acompanharam na nossa caminhada.
O que visitar por perto:
Miradouro da Beira da Quinta

Nas terras suspensas entre São Jorge e Arco de São Jorge, onde o vento sussurra e a altitude beija os 469 metros, encontra-se o Miradouro da Beira da Quinta.
Daqui o olhar é capturado por majestosas falésias que se elevam, audaciosas e imponentes, desafiando o céu com a sua presença inabalável.
Ao olhar para o horizonte, num dia claro, somos brindados com a tímida e enigmática silhueta da ilha do Porto Santo.
Pico Ruivo

No silêncio solene das alturas, o Pico Ruivo ergue-se como um guardião ancestral da Madeira.
Cada trilha, uma promessa; cada passo, um verso de uma poesia antiga, que só a montanha conhece.
Vereda do Pico Ruivo

Há caminhos que nos levam além do horizonte, e a Vereda é um deles. Cada curva revela um pedaço da alma madeirense, onde o céu abraça o mar, e o tempo parece estacionar.
Ponta de São Lourenço

Neste canto esquecido pela Madeira, a terra dança com o mar numa eterna valsa. A paisagem, selvagem e indomada, canta histórias de marinheiros e ventos antigos.
Machico

Em Machico, o passado abraça o presente. As suas ruas são testemunhas de amores e saudades, de marinheiros e descobertas.
Perca-se nas vielas de Machico, saboreia a tradição num copo e sente a história que cada canto desta terra tem para contar.
Como Chegar à Levada do Funchal?
Deixando o Funchal em direção a São Jorge, a melhor aposta é no alugar um automóvel.
O trajeto, que se estende por aproximadamente 50 km via ER101, desenha uma viagem de cerca de 55 minutos.
No início, lance-se em direção a Machico, guiando-se pelas margens da ER101.
Este caminho irá levá-lo a explorar os contornos do leste da ilha, escalando para o nordeste.
Ao atingir São Jorge, vire-se para a Estrada do Farrobo de Cima, a qual, após 5 minutos, desaguará novamente na ER101.
Um breve virar à direita e estará novamente em curso. Mas a próxima mudança vem rápido: desvie à esquerda em direção à Estrada da Achada do Vigário, um percurso que o levará até o Caminho das Eiras.
E aí, com a estrada estendendo-se diante de si, avançará mais 650 metros até à Estrada da Achada do Vigário por outros 500 metros. O destino aparece à sua esquerda.
De autocarro:
Do Funchal, pode embarcar nos autocarros 103 em direção ao Arco de São Jorge ou no 138 rumo a São Jorge, ambos operados pelos Horários do Funchal.
Dicas de último minuto
Se planeia embarcar nesta aventura, aqui vão algumas dicas valiosas para tornar a sua caminhada mais agradável:
1. Preparação para o Clima: A meteorologia na Madeira é notoriamente caprichosa. Um dia que começa ensolarado pode rapidamente mudar para uma tarde chuvosa. Por isso, é crucial levar um impermeável. Além de proteger da chuva, irá resguardá-lo das quedas de água ao longo da levada.
2. Calçado Adequado: Uma caminhada confortável começa pelos pés. Os caminhos da montanha clamam por um aliado que se agarre ao terreno.
3. Muda de Roupa: Ao final, o corpo agradece a sensação reconfortante de tecidos secos. Deixar uma muda de roupa no carro é um luxo, mas sim, um acalento para o corpo cansado.
4. Alimentação e Hidratação: Mesmo que o desafio não pareça titânico, o sabor da água, pura e revigorante, e o conforto de um lanche à sombra transforma-se num banquete.
5. Com Crianças: Caminhar com os mais jovens é redescobrir o mundo por olhos curiosos. Mas, nas zonas onde a água brinca de desenhar cascatas, a atenção deve ser redobrada.
6. Desfrute ao Máximo: Mais do que as dicas práticas, absorva a natural, ouça, sinta e, acima de tudo, conecte-se com a natureza.
Boa caminhada!